Catarina sentiu o arrepio
na nuca anunciando a chegada, antes mesmo do carro preto ser visível no
horizonte. Os batimentos do coração pararam por um segundo, o sangue se esvaiu
do rosto e voltou em seguida, em pulsações fortes, quase doloridas. O carro de
vidros escuros parou suavemente em sua frente e a porta traseira foi aberta.
Agora sim, sabia que não poderia mais fugir.
- Entre no carro, por
favor. – Veio a voz atrás da porta. Já havia passado mais de um minuto em que Catarina não
conseguia desgrudar os pés do chão.
Ela sentia a excitação
correndo pelas veias, como uma descarga elétrica. Não deveria ter aceito o
convite, sabia disso com toda a certeza, mas não conseguiu se impedir de estar
ali. Num impulso de coragem, rapidamente sentou-se no banco e fechou a porta.
Olhou para as próprias mãos no colo e percebeu que havia furado a palma com as
próprias unhas. Uma gota de sangue escorreu lentamente e caiu na perna nua
enquanto encarava as mãos, mas estava entorpecida, não conseguia sentir a dor.
Percebeu as mãos tão
conhecidas, mesmo que durante pouco tempo, chegando perto das suas. Sentiu a
sensação antes mesmo de as peles se tocarem. – Isso foi desnecessário – disse César
enquanto puxava os braços de Catarina para ver o ferimento de perto. Com o
movimento dele, sentiu o impulso de virar o rosto para cima, mas não conseguiu
reunir coragem suficiente.
Respirou fundo, tentando
acalmar o coração, que batia forte, dolorosamente, tentando se acalmar. Foi
subindo o olhar, das próprias mãos para o terno bem cortado que estava em
frente, seguiu pelo pescoço, onde a barba já começava a despontar, e enfim
chegou ao rosto.
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